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Duas situações para avaliação do professor do Ensino Fundamental 1

A violência pode dar lugar à paz

Agressões e depredações ocorrem quando impera a desesperança, que só é vencida se a instituição de ensino cumpre sua função social

Luis Carlos de Menezes

Nestes tempos difíceis, somos desafiados a compreender por que se repetem episódios de agressão nas escolas e contra elas. Nós, educadores, devemos rejeitar diagnósticos simplistas e superar propostas de mera repressão, pois sabemos que a escola não é uma ilha apartada do contexto social e tudo o que nela ocorre tem também caráter educacional. Nesse sentido, ora vemos seus problemas serem resolvidos em ambientes de diálogo, ora percebemos que impera o descontrole de conflitos. Distinguir essas duas situações pode evitar que um espaço de trabalho se degenere e venha a se tornar agressivo e violento. 

Podemos comparar a paz necessária ao ensino com a vitalidade indispensável à vida humana. Saúde não é a estática ausência de doenças, mas uma condição dinâmica de funções vitais que se realizam e se recompõem. Isso fica claro quando, por exemplo, um ferimento se cicatriza ou nosso corpo supera resfriados e intoxicações sem deixar que se agravem. Do mesmo modo, paz não é ausência de tensões, mas a capacidade de evitá-las e resolvê-las. Uma escola gera a harmonia se decide enfrentar seus dilemas e conflitos para fazer o que dela se espera: formar as crianças e os jovens que recebe, promovendo conhecimentos, habilidades e valores. 

Essa analogia vale também pela sua negativa, pois, da mesma forma que longas frustrações comprometem a saúde pessoal, a tranquilidade é ameaçada numa situação em que não se aprende, já que se sentem privados tanto alunos como pais e professores. Ao ver a depredação de estabelecimentos de ensino nos noticiários da TV e incidentes ocorridos dentro de seus muros relatados nas colunas policiais dos jornais, é inevitável a comparação com rebeliões e crimes em presídios. Ambos os fatos têm em comum o descrédito de instituições que, em princípio, deveriam preparar ou recuperar as pessoas para o convívio em sociedade. Nos dois casos, a falta de respeito por um bem público ou pela vida decorre da desesperança. 

É falsa a generalização de que se possa creditar tudo isso à pobreza, pois sei de unidades da rede pública em áreas de risco que fazem um ótimo trabalho ao lado de outras que se omitem atrás de desculpas. As primeiras aprenderam a lidar com casos de gravidez na adolescência, com abuso de drogas e com dificuldades na aprendizagem por maus tratos domésticos, e isso sem abrir mão de que as aulas sejam de fato dadas e que nelas os estudantes se envolvam e se desenvolvam, habituando-se a conviver com regras claras e compreendidas por todos. Essas instituições reconhecem como suas as dificuldades educacionais ou sociais enfrentadas no dia-a-dia - nas mesmas condições adversas em que outras sucumbiriam - e provavelmente por isso não são cenários de violência entre as pessoas ou contra suas instalações. 

Seus educadores não se consideram heróis ou mártires, e se algo os distingue é seu sentido de pertencimento à escola e vice-versa. Professores, coordenação e direção constituem uma efetiva equipe e alguns integrantes mais experientes ou há mais tempo na unidade respondem pela memória e pelo compromisso institucional, ou seja, seu corpo docente é realmente um corpo, e isso nos traz de volta à comparação entre paz e saúde. 

Quando a escola tem esse saudável compromisso com sua função social, pode receber tensões do entorno e se deparar com os mesmos problemas que outras, mas os ataca para que não se tornem crônicos e não permite que essa atmosfera negativa contamine o convívio e as relações de aprendizagem. Não se trata de maquiar desigualdades - que precisam ser enfrentadas na escola e fora dela - ou glorificar a pobreza, mas reconhecer o bom combate da Educação travado nas circunstâncias em que ele é mais difícil. A isso se chama paz.

Luis Carlos de Menezes

É físico e educador da Universidade de São Paulo

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/formacao

 

Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio

Para fazer a inclusão de verdade e garantir a aprendizagem de todos os alunos na escola regular é preciso fortalecer a formação dos professores e criar uma boa rede de apoio entre alunos, docentes, gestores escolares, famílias e profissionais de saúde que atendem as crianças com Necessidades Educacionais Especiais

Daniela Alonso 

 

Inclusão no Brasil e Educação especial na escola regular

O esforço pela inclusão social e escolar de pessoas com necessidades especiais no Brasil é a resposta para uma situação que perpetuava a segregação dessas pessoas e cerceava o seu pleno desenvolvimento. Até o início do século 21, o sistema educacional brasileiro abrigava dois tipos de serviços: a escola regular e a escola especial- ou o aluno frequentava uma, ou a outra. Na última década, nosso sistema escolar modificou-se com a proposta inclusiva e um único tipo de escola foi adotado: a regular, que acolhe todos os alunos, apresenta meios e recursos adequados e oferece apoio àqueles que encontram barreiras para a aprendizagem.

Educação inclusiva compreende a Educação especial dentro da escola regular e transforma a escola em um espaço para todos. Ela favorece a diversidade na medida em que considera que todos os alunos podem ter necessidades especiais em algum momento de sua vida escolar.

Há, entretanto, necessidades que interferem de maneira significativa no processo de aprendizagem e que exigem uma atitude educativa específica da escola como, por exemplo, a utilização de recursos e apoio especializados para garantir a aprendizagem de todos os alunos.

A Educação é um direito de todos e deve ser orientada no sentido do pleno desenvolvimento e do fortalecimento da personalidade. O respeito aos direitos e liberdades humanas, primeiro passo para a construção da cidadania, deve ser incentivado.

Educação inclusiva, portanto, significa educar todas as crianças em um mesmo contexto escolar. A opção por este tipo de Educação não significa negar as dificuldades dos estudantes. Pelo contrário. Com a inclusão, as diferenças não são vistas como problemas, mas comodiversidade. É essa variedade, a partir da realidade social, que pode ampliar a visão de mundo e desenvolver oportunidades de convivência a todas as crianças.

Preservar a diversidade apresentada na escola, encontrada na realidade social, representa oportunidade para o atendimento das necessidades educacionais com ênfase nas competências, capacidades e potencialidades do educando.

Ao refletir sobre a abrangência do sentido e do significado do processo de Educação inclusiva, estamos considerando a diversidade de aprendizes e seu direito à equidade. Trata-se de equiparar oportunidades, garantindo-se a todos - inclusive às pessoas em situação de deficiência e aos de altas habilidades/superdotados, o direito de aprender a aprender, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver. (CARVALHO, 2005).

Sobre a especialista

Daniela Alonso é educadora, consultora de projetos educacionais, selecionadora do Prêmio Educador Nota 10, psicopedagoga, especialista em Educação Inclusiva.

Fonte:  http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/